A culpa nunca será das vaias! O calcanhar de Róger Guedes e a crise atual do Galo
Salve salve Massa Alvinegra!!!
Eram por volta das dezoito horas do dia 15 de Abril de 2018 quando, imaginava eu, o camisa 23 do Atlético teria as orelhas pegando fogo até algumas semanas adiante. Numa tentativa falha de encaixar um passe de calcanhar (no campo de defesa), Róger Guedes queimava o que poderia ser sua última chance como titular do Galo. Isso porque o Vasco — que havia feito o gol de empate aos 87 da partida — conseguiu o feito de virar o jogo no último minuto, graças ao bendito calcanhar de Róger Guedes. Um jogador polêmico, que apesar das birras na hora de ser substituído e do complexo de CR7, despontou algumas rodadas depois como principal componente do ataque atleticano, fazendo partidas memoráveis ao lado de Ricardo Oliveira. As partidas daquele período criaram o que poderíamos chamar de 'marca' da torcida do Galo em 2018: a cobrança. Recebendo o time no aeroporto ao som de vaias e xingamentos, os torcedores começaram a contestar o incômodo refletido na falta de vontade dos jogadores em campo. O resultado dessa cobrança não poderia ser outro: o time entrou na pausa para a Copa do Mundo na segunda colocação do Campeonato Brasileiro, com Róger Guedes (linchado pelo maldito calcanhar do dia 15) liderando o ranking de artilharia do campeonato. Ficamos sem Guedes e seu calcanhar, veio a esperança em Chará, porém as coisas saíram muito longe do esperado e cá estamos, brigando pela sexta posição na tabela. Antes do agravamento da crise, nosso Pastor Ricardo direcionou a culpa dos maus resultados na torcida, convocando-os a encher o estádio e empurrar o elenco sem sal montado por Alexandre Tadeu sob os eternizados gritos de 'eu acredito'. E acreditamos. Fomos ao estádio, pagamos jornais que mal lemos para ter um ingresso na mão e dar a força que o Pastor havia pedido. Não adiantou, mesmo com o elenco abraçado pela torcida e os erros perdoados, as coisas continuaram indo por água abaixo. Até que a culpa foi direcionada ao então treinador Thiago Larghi, que, cá entre nós, mereceu parte da culpa por suas substituições errôneas e seu otimismo exagerado após maus resultados. A torcida pressionou, demitiram Larghi, em seguida Alexandre Tadeu, e ao mínimo sinal de esperança que restava no peito do atleticano com a chegada do idolatrado Levir Culpi, a velha desculpa voltou a surgir por parte do elenco: falta apoio da torcida. Deixo uma pergunta no ar para que o leitor reflita sobre a 'terceirização da culpa': o que teria acontecido, então, se ao invés de cobrar Róger Guedes por seu calcanhar do mal, o torcedor tivesse 'perdoado' seus erros e não questionado seu futebol? Estaríamos brigando por uma posição no G-6 ou fora do Z-4? Talvez o que tenha feito o Galo respirar durante esse ano de trevas seja, de fato, a pressão da torcida. Porque sem os torcedores nunca teríamos acreditado no pé esquerdo de São Victor, muito menos na cabeça de Edcarlos, então o que nos faria acreditar no calcanhar de Róger Guedes, que entregou um gol pro adversário no último minuto de jogo? A torcida desconfiou da gestão de Tadeu desde o início, mas apoiou quando ele demonstrou disposição para contratações após perder alguns de seus principais jogadores. Contestou o futebol de Guedes, mas acreditou quando viu que ele queria jogar futebol. Até hoje, a torcida cobra Cazares por resultados, mas reconhece sua importância como um dos principais garçons do elenco, além de sua qualidade técnica. A torcida ama o Luan, mas sabe que ele não pode ser sempre titular. A torcida é movida por emoção, mas quando o calor abaixa, sabe usar da razão para apoiar quando necessário. Isso mostra que, entre tantos fatores, o torcedor é quem menos se aproxima de ter alguma culpa nessa crise. Se existem vaias vindas das arquibancadas, é porque algo está errado há tempos. A gente sabe, e espera que os senhores Marques e Levir também saibam: quando a Massa fala, é bom escutar. Foi de tanto não escutá-la que agora pedem que cessem as vaias.
Até a próxima coluna galera e...
Esporada neles Galo!!!
Foto: Bruno Cantini/Atlético